quarta-feira, 21 de julho de 2010

Aos meus amigos

Aos meus amigos mando-lhes um beijo
na face ainda morna despertada pelo sol da manhã
Mando junto com o beijo todo aquele carinho secreto
aquele gosto de saudade misturado com amor

Aos meus amigos mando-lhes o brilho dos meus olhos
neles vão junto todo o meu muito obrigado pela amizade
Mando também um pouco da lembrança do último encontro
para que desperte neles vontade de me rever

Aos meus amigos mando-lhes o desejo de viver mais e mais
pois egoísta que sou os quero sempre existente na minha vida
mas se por ventura me faltarem, beijarei meu coração

Aos meus amigos mando-lhes um mundo suspenso no fantástico
e que nele possam me reconhecer eterno e apaixonado por eles
meus queridos sou louco de amores por vocês.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um ensaio honesto

Eu queria ser lido pelas pedras” (Manoel de Barros)

A qualidade de ser pedra sempre me deixou instigado, inquieto e curioso em descobrir o que abriga uma pedra. Esquecemos suas composições de minério, o que me interessa é sua poética. A poética existente em uma pedra ultrapassa a própria poesia incrustada na sua superfície, e digo isso devido a sua simplicidade, a forma em se apresentar diante dos nossos olhos.
Buscando um dialogo na qualidade de ser pedra e munido da minha descoberta de ser uma fraude fui ao encontro de um ensaio honesto. O mais engraçado é que levamos nas nossas cabeças uma pronta formalização de como podemos desenvolver o ensaio e de como seremos honesto com esse ensaio. A capacidade de mentirmos para nos mesmos.
Fato é que existe na cidade todo um sistema de comportamento que se basta por si, que se entende nos seus furtos e assim todos vivem sem nenhum incomodo. Até o surgimento de um homem honesto, isso é o suficiente para desestruturação de todo um sistema de comportamento dessa cidade. Pronto temos ai um resumo do espetáculo, partiremos agora para a poética da pedra e do homem honesto.
Assim como a pedra o homem honesto é firme no seu posicionamento em não deixar ser alterado pelo comportamento existente naquela cidade, e firme na sua decisão segue suas longas jornadas noite adentro fumando e vendo a água passar por debaixo da ponte. Só ai vejo os primeiros sinais de poesia, pois não ser alterado diante de tantos apelos exige firmeza de pedra, poesia de pedra. Homem honesto e pedra dispostos aos nossos olhos.
O que é se mostrar por inteiro? Revelar o que realmente se é diante dos olhos de toda uma cidade? Qual estado de inconsciência precisa se atingir para não burlar a si mesmo? Posto diante de uma sala fria e sem nenhuma vida me disparo ao encontro desse ensaio na busca de encontrar a melhor forma de me revelar. Ingênuo, antes mesmo de me atirar do precipício, já garanto a precisão da queda.
Quando depois de algumas tentativas de formalizar a apresentação do homem honesto, decido então não pensar mais em nada, tomo como regra apenas um roteiro do que tem que ser feito, aprofundo minha respiração, dilato ainda mais os espaços vazios da mente e do corpo, repito varias vezes o mesmo roteiro e cada vez mais desconecto qualquer formalização, no momento exato da apresentação, nem mesmo penso sobre formas e conceitos, apenas penso em não me auto programar para o próximo gesto, para o próximo pensamento. Finalmente repetindo mais e mais vezes, não consigo mais pensar sobre nada, nem mesmo sobre quando vai acabar. Quando desconecto totalmente de tudo consigo encontrar algumas formas, elaborar mais claro o conceito. Acaba, fim do ensaio. E lá estava a formalização de corpo honesto diante da cidade. Era mais simples que o sofrimento desperdiçado, tudo era uma questão de não racionalizar, bastávamos apenas verticalizar a minha descoberta em ser fraude e me mostrar sem medos o que realmente sou. Ai vem toda poética de ser pedra e não se deixar abalar por momentâneas rajadas de vento. Vem a poética existente em ser honesto.
Talvez seja isso que realmente nos faz falta, o não pensar sobre a forma durante a descoberta, o meu desespero em querer estar sempre pronto, em conseguir resolver uma cena em apenas um ensaio, fez com que eu me distancia-se do que era o mais simples: o não conceitualizar uma forma, antes mesmo de vivenciá-la.
O processo que está se desenvolvendo na Ovelha Negra segue da forma mais simples, conversas, risadas, olhares... Não se prendendo a grandes descobertas do teatro, nos prendemos as descobertas do humano, o ser humano com suas concepções, seus pensamentos, suas crises, suas virtudes e defeitos, como esses seres se portam diante da sua própria sociedade que por vezes é tão desconhecida por ela, mas que o influencia sem precedentes. Acredito ainda nos desenhos despretensiosos que o corpo propõem, do que num texto pré fabricado e cheio de verborragia inútil. Busco agora o desprendimento das palavra e encontras as linhas do meu corpo atuante contrário a essa sociedade tão acostumada com as automatizações.

Às vezes leio Manoel de Barros para atingir o esquecimento e quando me dou conta ilumina nas minhas veias poesia...

Julho/2010            

Um ensaio afastado

"O habito da escrita sempre foi algo inerente na minha existência, a poesia, subjetividade. O campo da arte foi onde minhas pernas aprenderam a ter firmeza, aprenderam a dar os primeiros passos rumo ao que era e ainda é desconhecido”.


Foi proposto a minha pessoa que escreve-se sobre o Projeto Calvino, as minhas observações e reflexões do trabalho que nos desafiamos a realizar. Foi me concedido o livre arbítrio de escrever da maneira que mais me conforta-se, que eu encontra-se procedimentos que fossem significativos as minhas reflexões a cerca do projeto. Diante do exposto propus a mim mesmo um ensaio afastado. Que mesmo submerso de todo conteúdo, toda a vivência que estou envolvido desde 2009, que eu me retira-se, desloca-se o meu olhar, que eu me suspende-se. Busco então uma tomada de distancia e refletir sobre o Projeto Calvino.
Antes de debruçar os meus pensamentos tenho duas perguntas a serem feitas: Porque a união dos grupos Teatro dos Orelhas e Teatro da Chuva nesse projeto? O que se afinam nesses dois coletivos de teatro para que juntos possam desenvolver um trabalho?   
Diante das duas perguntas penso no que seria mais plausível para justificalas? Qual aglomerado de palavras, quais construções de linguagens se aproximaria em respondê-las? Qual a forma se aproxima de nós? Buscando responder com outra pergunta. Confesso me encontrar sem respostas prontas.
Em uma das nossas reuniões pós vivência foi levantada a questão sobre de como iríamos aprofundar a qualidade de movimentos nos Calvininos (as). Quais seriam os procedimentos que pudessem afeta-los? A arte-educadora Débora expôs que uma das dificuldades encontradas por eles é o fato de nunca terem tido contato com o teatro, de que eles precisariam ter mais segurança e conhecimento no campo do teatro para poderem desenvolver os movimentos, que era preciso também mais confiança deles conosco. Sou partidário da mesma opinião que a Débora, a falta de contato com o teatro pode sim causar dificuldades em desenvolver supostas habilidades corpóreas, qualidade de movimento.  Mas logo salta uma pergunta: Se estamos propondo vivencias teatrais, aguardar um prévio “conhecimento teatral” não iria contra? Não estaríamos ai sendo contraditórios com o nosso discurso? Vejamos, lançamos que os Calvininos(as) são livres e estamos ali apenas para propor novas possibilidades de enxergar o que está ao seu redor, criamos procedimentos para que eles consigam alterar sua percepção, que eles sozinhos consigam ficar incomodados diante de um fato, com que eles consigam retirar esse fato do seu contexto atual e repensá-lo e ter uma outra possível percepção. Será que me fiz claro? Ou confundi a mim mesmo nesse último parágrafo. Este é resumo grosseiro da célula embrionária que rege o nosso projeto.  Durante a discussão o Luciano foi contra aos dizeres da Débora, afirmando que não devemos ter como critério a falta de experiência deles com o teatro, e que essa segurança não é base para desenvolver qualquer trabalho. Afirma isso dizendo que todos esses meninos e meninas vivem num tempo totalmente diferente do qual fomos criados. A era da tecnologia está quase que inserida no DNA deles, a capacidade de fazer mil coisas ao mesmo tempo os remete para outras concepções de mundo.
O Luciano afirmou ainda que seria capaz de jogar todo o seu conhecimento fora somente para compartilhar com eles esse tempo. Vou tentar ser um pouco mais claro sobre isso. Os meninos desse novo tempo são regidos pela rapidez, pela coisa momentânea os fatos acontecem todos ao mesmo tempo e eles conseguem se organizar sem problema nenhum. A pergunta então seria: Filhos do tempo da rapidez, de outra lógica social, seria usual impormos algum procedimento que nos serviu a mais dez anos atrás?

Nesse primeiro momento os conceitos ficam claros na mente, no campo imagético que esse conceito nos é permitido, porém existe uma dificuldade particular em transcrevê-los. As palavras nem sempre conseguem realmente expressar o que entendemos e o que buscamos com esse projeto. Imerso na tentativa de compreender o fantástico e conseguir reconhecê-lo é excitante. Excitante por estar diante de um desconhecido e sentir-se tão atraído. Eu só queria...

Julho/2010
            

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Um poema pensando em você

Houve um tempo onde éramos simples
Os versos surgiam feito um orvalho
A boca guardava um tom avermelhado
E as mão sempre seguras com o tempo

Sob os feitos tortuosos de uma tempestade
Nos tornamos compostos de outras matérias
Os versos surgiam de uma violência despreparada
Em nossos lábios tomaram conta a palidez

Corremos, era só o que sabíamos fazer
Nossas pernas eram mais que desespero
As mãos foram desprendidas da nossa composição

Nos caminhos efêmeros que enredamos nossa massa corpórea
timidamente enxergamos a simplicidade outra vez, carregada pela leveza
Nos olhamos intacto... saltaremos ao encontro novamente?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Mariana um encontro eterno...

Mariana & Ricardo

É esse o mar que um dia deixei meu olhos se entregarem
O que fazer da vida agora diante do afogamento?
Lutar contra é bobagem 
Descobri que deixando o corpo relaxado eu conseguia sobreviver
Dei conta então da leveza que era mergulhar mais fundo
Veio então a segurança em prender-me nos seus abraços
As vezes retorno na beira do mar e de súbito tento buscar terra firme
A vem a hesitação e o medo de perder-me no verde da mata outra vez
Que bom rever você, posso me afogar mais uma vez?