terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Despedida

Partir...
Diante dos fatos 
e últimos acontecimentos 
a única solução possível é... 
... a despedida. 

Separar os corpos
Desprender os laços 
Abrir todos os cadeados 
Destrancar todas as portas
Escancarar janelas 

Partiu... 
Para novos portos, 
novos sóis, novos dezembros, 
novas flores e rosas.
Com os sapatos largos 
e cardaços frouxos 
com o último botão 
da camisa aberto.

Aberta... 
Mente, voz e suor.
Uma canção recém nascida,
um poema rabiscado, 
um sorriso largo, 
braços perdidos 
em abraços. 

Amplo...
tudo isso é para suas pernas, 
sua imaginação, 
basta correr, 
caminhar, jogar, 
tentar, descobrir, 
encontrar, partilhar,
recomeçar... 
Inventar. 
CRIAR.

Partiu...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Carta desabafo


            Meu terno amigo o que venho lhe contar não é a alegria do olhar de uma criança que acaba de ganhar o presente tão esperado. Meu amigo na madrugada de domingo para segunda-feira invadiram a minha casa. Pois é, morando desde a minha infância no mesmo lugar, um lugar calmo, tranqüilo, sem grandes acontecimentos, um lugar onde as pessoas se conhecem desde os tempos em que a rua era de barro e as crianças brincavam despreocupadas.
Meu terno amigo conto com detalhes o ocorrido e o que esse acontecimento causou em mim. Dormíamos tranqüilo, meu irmão, meus pais, descansando para enfrentarmos mais um dia de trabalho que estava por vir. Às 5 horas e 15 minutos acordo com uma pessoa gritando, tomado pelo susto não compreendi o que estava acontecendo, quando o segundo grito veio. “Pega ladrão”. Era a voz do meu irmão, o som invadia o meu quarto, meu corpo pulou da cama e em segundos pensei que uma tragédia tinha acontecido com meu irmão. Sai para o quintal e o encontrei bem, graças a Deus. Mas veio a noticia: “Levaram o seu notbook”. O individuo abriu a janela do quarto do meu irmão soltou o fio da internet, meu irmão acordou com o barulho, mas não consegui ver o individuo que subiu as escadas correndo e fugiu pulando pela laje da vizinha.
Invadiram a minha casa, levaram meu computador e pode acreditar é o de menos, o que me deixa transtornado é que invadiram a minha privacidade, minha alma, o lugar que eu tenho como porto seguro. Que porto é esse? Levaram minhas fotos, meus trabalhos, minhas músicas, minhas lembranças, minhas poesias. Bagunçaram minha ordem natural. Agora tento desordenadamente colocar as coisas no lugar, tentando não ficar com medo. Onde está aquilo que chamamos de segurança pública, que tem por uma das suas funções a de preservar o patrimônio privado, a vida.
Meu terno amigo aqui na Terra ainda estão jogando futebol, tem pouco samba, tem muito choro, muita água, pouco rock roll, no mesmo dia chove e faz sol. O que eu tenho pra dizer é que a coisa aqui está mais do que preta. Um beijo na alma, nos olhos e no coração.

sexta-feira, 2 de março de 2012

O mar que nunca choramos II

Hoje o mar que nunca choramos invade minha casa
Inunda minha sala e toma conta do meu quarto
Boia sobre o chão da minha casa as letras de amor que escrevi

Banha meu corpo em suores a agonia em não saber nadar
Minhas mãos são tomadas pela ânsia em sobreviver
Meus olhares são em atenção do mar invadindo a minha intimidade
Tomando conta de tudo aquilo que já foi nosso

O mar que não lançamos nossos corpos em delírios de prazer
Hoje vem salgar minha boca de esquizofrenia e melancolia
Com a boca salgada arrisco gritar em sinal de alerta

O mar que nunca choramos...
...hoje arrasta meu corpo frágil em direção do oceano...
...consigo ver as algas marinhas e os tubarões.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Ao poeta César Magalhães Borges minhas sinceras desculpas


Poeta minhas sinceras desculpas
Meus versos não têm rimas
Ritmo
ou melodia
Eles quebram
destoam
Sua tônica maior
é o pensamento
envolvidos em soluço
e solidão.

Os meus versos se partem
são frágeis,
delicados,
suspensos.
Oscilam
entre o caos,
a mentira
e a verdades
inventadas.

Desenham-se ao contrário
das métricas.
Esquecem qualquer regra,
ou palavra de ordem.
Minhas sinceras desculpas
poeta, mas assim
se fazem os meus
versos.