terça-feira, 29 de junho de 2010

MANIFESTO MAT

MANIFESTO MAT
SÃO PAULO – ANO I Nº 01 – MAIO 2010

Na presente data está declarado o surgimento, o nascimento, a instauração do grupo MAT. Formado por três jovens aspirantes ao mundo da arte, jovens esses que dedicam suas vidas a música, as artes visuais e ao teatro, e se declinam sutilmente tudo isso para o mais humano dos seus fazeres a educação. EDUCAÇÃO? Não falemos isso por agora.

O MAT declara seus anseios, seus mais profundos desejos de arte e suas reações impessoais e compartilhadas. Declara que não leram e não irão ler os modernistas e nenhuma outra vanguarda que tenha subvertido, proposto alguma alteração no sistema artístico ou social. Pois senhores até mesmo as nossas vanguardas supostas salvações de nossas almas sedentas por alterações morais, corpóreas, mediúnicas se fossem preciso, nossas vanguardas estão nos decepcionando, vendendo suas almas aos mais baixos dos conchavos políticos. É vergonhoso ouvir o discurso de Geogerte Fadel em prol a uma arte igualitária e justa para todos e ver as discretas articulações subterrâneas para conseguir manter-se nos editas de fomento. Até mesmo vocês Folias caíram nas sutis articulações de boa convivência entre júris de bancadas de editais e grupos. É construída toda uma conspiração para manter-se na crista da onda. Questionamos também se não existem outras Cia de dança para ganhar a lei de Fomento do Estado de São Paulo, Cia de dança Teatro Mariana Muniz, Cia Corpos Nômades, Calendos... . Enfim o MAT encontra-se cansado e revoltado e abismado com consecutivas vitórias na Lei de Fomento. Por hora nem tocaremos na nossa querida Cooperativa de Teatro Paulista, está o pólo da concentração da boa convivência “teatral”

Por tal motivo digo, melhor clamo a vocês “classe artística” guarulhense, parem com essa pieguice de aplaudirem os grupos de teatro do centro de São Paulo, a união deles de artística nem mesmo o ideal. O MAT está cansado de ver grupos da cidade de Guarulhos a reproduzir cópias mal feitas de uma arte vendida ou uma arte supostamente inovadora cheia de descobertas já conhecida dos gregos. De baixar suas cabeças a nossa gestão cultural, para homens e mulheres supostamente bem intencionados com a arte e a cultura de Guarulhos, da promoção de grandes shows populares na fomentação de eleitores. Panis et Circense. Parem de vender as suas artes aos mais baixos dos preços, a conivência do emburrecimento humano.

O MAT está disposto a retalhar toda essa juventude que vive a espreita de um foco de luz, de uma ponta na novela das oito, contrato com a Rede Globo, com uma seção de fotos no castelo de Caras, com sua vida comentada nas revistas, jornais e programas a lá Nelson Rubéns. O MAT se revolta também com os seus companheiros de jornada que não almejam movimentar toda essa estrutura. O que se entende por arte? O que se quer da arte? Não seria melhor ficar em casa e fazer um curso de corte e costura, assim pesaria menos a nossa consciente em ter que te aceitar. Mas porra não tenho que te aceitar falsos moralistas de merda. Pra longe com seus cadernos e texto xerocados que ditam a regra de uma arte cheia de regras, ditados e preceitos que possam reger um desenvolvimento de arte. Onde está o seu questionamento? O seu poder de análise, contextualização e questionamentos? Onde estão as suas perguntas? Estamos cansado de tentar achar respostas prontas e bem feitas que resolvem a vida de todos, eu quero perguntas.

O MAT assumi-se acadêmicos da não verborragia, da escrita cansada e maltratada, da escrita perfeita, das teorias que resolvem todos os problemas do mundo. Poderemos sim revisitar algo que seja novo, algo que mesmo depois de ter sido todo esmiuçado se apresente novo. Para conseguir esse novo diante do velho, vamos propor um afastamento, uma observação de outro ângulo. O MAT não irá propor nada, talvez possa reproduzir para o seu tempo o tempo que não mais existe.

O primeiro ato em salvação dos próprios integrantes é a urgência em matar a arte que se consome, a arte vendida e mal paga pelos monopólios da sociedade, monopólio da “arte”. É preciso acabar com toda essa desvairada manifestação de “arte”, morte as novelas de Manoel Carlos, Agnaldo Silva,... Morte aos filmes dos salvadores norte americano, morte dos filmes brasileiros cheios de carnal, cheios de sorrisos, pertencemos ao Brasil e não a um país chamado carnaval, morte aos shows de humor barato, aos “espetáculos” vendidos pelo comercial, aos espetáculos cabeção, que não saem da cabeça de quem os fazem. Morte as músicas e suas frutas, morte a conspiração da indústria capitalista que massacra a massa. Morte as cores de pintores vendidos, as instalações fragilmente montadas na ancia de estruturar uma consciência. Declara-se a morte da arte qualquer nota.

Os jovens MAT’s assumem publicamente sua culpa diante dos fatos e atos cometidos em nome da arte, assume sua submissão, sua voz calada, suas brigas internas, sua conivência diante das atrocidades teatrais, musicais e visuais, seu desejo de salvar o mundo e pede perdão pelas vezes que obrigou alguém a ter sua arte como algo revelador. Reconhecem e se envergonham dos anos que passaram a sombra de modelos, a falta de questionamentos, a falta de provocações, em aceitarem tudo dizendo amém. Sua covardia.

Portados de mínima estruturação, munidos da ancia em fazer com que sua arte esteja viva em suas próprias veias, nós a senhorita Calixto, o senhor Gambini e o senhor Torelly, nos lançamos pra fora da arte, atiramos assim contra nosso próprio peito a bala de festim para quem sabe renasçamos filhos mais puros e legítimos da arte.

Afastamos-nos agora dessa estrutura artística e nos trancamos dentro de nos mesmos, nos observaremos, questionaremos, nos provocaremos, vamos até as últimas conseqüências para conseguir fazer com que dentro dessas veias corra somente arte. Fazer com que dentro dessa sociedade robotizada corra mais sangue do que óleo lubrificante em suas veias exaltadas. Retomo aqui um esclarecimento sobre nossa possível visita ao velho, ao nos afastarmos iremos buscar outra percepção. Sobre o velho que revisitaremos acredito que o mais apropriado para esse momento seja Ítalo Calvino. Leveza, talvez seja esse o primeiro ponto de partida para o MAT.

Esclarecemos que não iremos salvar o mundo e nem achar respostas para as questões sociais e tão pouco artísticas, faremos nossa arte dentro dessa cidade, dentro dessa célula viva, queremos perguntas. E nossa arte faremos apenas por que não sabemos fazer outra coisa. Não sabemos lidar com os números, com os gráficos, com os códigos penais, não sabemos organizar milimetricamente nada daquilo que destrói nossas almas, amputa nossos braços, aniquila nossa mente.

Agora antes de terminar isso que chamamos de primeiro manifesto MAT, pedimos desculpa em escrever todas essas bobagens. Pedimos que rasguem esse “manifesto”, ou qualquer outro tipo de material impresso que chegarem as suas mãos. Levem-nos a sério, não é nossa culpa em querer movimentar, é algo natural do ser humano em querer movimentar, em querer sair do estado vegetativo em que se colocado quando se nasce. O MAT em salvação ao si próprio declara que no momento em que vossas pessoas lerem este manifesto é o momento exato da nossa glória e derrota é o momento exato do nosso nascimento e nossa morte. Fazemos isso para a preservação de nossos ideais, de nossas lutas em não sermos corrompidos. Fato é que não partilhamos das mesmas opiniões, fato é que caminho ao lado contrário da sua dor, caminho ao lado contrário da sua alegria. É de conhecimento que somos feitos para a destruição alheia, o que é do outro causa a inveja, causa o despeito por não conseguir ser melhor, são raras as exceções de verdadeira felicidade com a conquista do próximo.

O MAT declara hoje mais tarde do que nunca o seu aparecimento e o seu desaparecimento, em nome da sobrevivência individual de cada um de nos a senhora Calixto, o senhor Gambini e o senhor Torelly é que deixamos aqui nossa caminhada incompleta. Em nome da minha verdade, em nome do meu teatro e da minha arte eu senhor Torelly afasto-me do movimento MAT e caminho assim para outra cidade a procura de árvores, magnólias, ovelhas, pessoas partidas ao meio, janelas com olhares e propostas para o próximo milênio. Cosme consegue me ouvir? Estica suas mãos e me erga pra junto da tua companhia, me deixa viver junto contigo e esperar pela minha senhorinha

E despedimo-nos aqui com a certeza que não vamos encontrar com você novamente e isso nos alivia. Nos salva da ignorância em admitirmos que não temos nada a dizer. Somos senhores covardes de nosso tempo e somos todos irmãos. 
Ricardo Torelly
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Começo a escrever esse texto sem saber o que quero dizer e pra quem quero dizer, do mesmo modo como acontece com minha arte. Confesso que a idéia de transformar isso num manifesto ainda me parece absurda, um tanto quanto bizarra, mas como comecei com questionamentos seria interessante que também achasse as respostas para eles algum dia. A grande questão é “para quê?”. Por que deveria fazer arte, por que deveria me preocupar com os outros, para que server a arte?. Para que fazemos arte? Cheguei a dizer a meus amigos que a arte é inútil, que não muda ninguém, e que se queriam ajudar alguém era melhor entrar em um curso de enfermagem. Disse isso sem acreditar realmente. Na realidade eu achava que acreditava no poder transformador da arte, achava que acreditava que existia sentido em ensinar arte. Mas toda certeza se mostrou frágil. Uma vez cheguei a dizer que minha vida valeria a pena se, por meio das minhas aulas, eu conseguisse mudar a vida de uma pessoa que fosse. Mas parei e pensei direito: “será que ficaria realmente feliz com isso?”. Na verdade agora acho que me odiaria se passasse minha vida querendo modificar e conscientizar as pessoas sem ter tempo para mim. Essa idéia me parece ridícula agora. Quem realmente seria feliz se passa a vida toda pelos outros sem olhar para ele mesmo? Meu discurso certamente era falso...


Passei muito tempo criticando artistas contemporâneos por fazerem arte somente para eles, essa arte sem sentido estético, somente conceitual, e que para entender o conceito é preciso estudar e saber toda a vida do autor. E agora me pergunto se isso não é o certo. Isso me parece egoísmo, e deve ser de fato, mas todos humanos são egoístas, e vivemos num tempo em que isso está muito evidente, e como dizem “a arte é o espelho da sociedade”.

Faço arte, pois é minha única forma de viver, é a única coisa que talvez eu saiba fazer, e ainda assim me parece sem sentido fazer arte dessa maneira. Não sei aonde quero chegar, acho que minha arte não atinge ninguém, ou atinge, mas não gera questão nenhuma, interesse nenhum. É como pessoas vendo uma novela, assistem sem se perguntar se é certo ou não. Mas penso também que isso é culpa dessa nossa “era multimídia”. Como posso exigir mais de alguém que sempre recebe informações sem ter tempo para refletir. O silêncio, símbolo de “olhar para dentro”, está cada vez mais sufocado. Não temos mais tempo para o silêncio, não podemos mais refletir sobre nada, as vezes até me acho estranho quando tenho vontade de ficar só! Precisamos correr, a sociedade vem logo atrás.

Não me lembro de muitas obras que posso dizer que mudaram minha vida completamente. As que chegaram mais perto foram as estátuas de Rodin, um livro do Rilke, uma música do Bach, e uma peça do Plínio Marcos. Mas porque essa arte me mudou? Provavelmente porque estava de coração aberto, sem pré-conceitos. Só foi possível porque tive vontade de me aproximar, sem medo, com todo meu ser. E quem hoje em dia tem essa vontade, se não o artista que executa uma música de Bach, ou uma peça do Plínio? Essa talvez seja minha maior discussão com meus amigos. Não sei se arte muda alguém que não faça arte. Não sei se o ato de assistir “Navalha na carne” muda alguém, mas sei que o ato de monta - lá com certeza muda alguém.

Não sei nem se executar uma música pode realmente mudar alguém. Creio que não. Hoje, executar músicas barrocas virou apenas uma experiência estética. E não que estética não seja importante, mas sem um conceito por traz da forma, considero que a forma seja pobre e vazia. Eis que me encontro negando quase todo tipo de arte. A arte que é estética, e a arte que é puro conceito. Tudo parece confuso para mim, não sei onde quero chegar, não sei aonde vou, mas sei que o simples fato de me perguntar sobre isso já me torna mais próximo da arte do que a maioria das pessoas.
Samuel Gambini
Um artista em descobrimento

domingo, 27 de junho de 2010

Piés Dani

Piés Dani

Estos son los pies que sostienen toda la delicadeza

¿Quién puede bailar entre las piedras
Deslizándose a través de los árboles
Corriendo entre el espacio ocupado por el aire

La delicadeza, nada más que un acto de bondad ...

sábado, 26 de junho de 2010

Habitar a Forma II

“Não me prenderei a nomenclaturas, a designações a cerca de tudo aquilo que pretensiosamente acredito conhecer. Farei aqui uma busca de aprofundamento no que realmente desvendei. As descobertas são preciosas e reveladoras, mas o destrinchar essas descobertas é o que nos guarda de melhor a vida.”


Observamos as formas que estão diante dos nossos olhos, nossa primeira análise de contemplação se restringe as suas questões estéticas, suas questões de enquadramento, simetria, ritmo, sua combinação de tempo, espaço e peso. Somos tomados por uma avalanche de sensações e prazer diante da combinação perfeita dos elementos que constrói uma forma. E o que habita essa forma?

Depois do gozo a respiração busca controlar todos os impulsos involuntários do corpo, ficamos dispostos a qualquer arrebatamento, tomamos de volta a organização dos pensamentos, daí concluímos se tudo o que vivemos foi bom ou se fizemos algo que possamos nos arrepender. E é nesse momento que nossas formas buscam o que as habitam. Toda a efervescência vivida diante do prazer sexual e artístico é posta a prova quando o habitante dessa forma exige sua presença diante das contemplações formais. O habitante exige então um aprofundamento sobre ele mesmo, uma pausa nesse quadro de informações, modelos, reproduções, deve-se investigar o que habita tudo isso e qual é sua profundidade.

Outro relato que uso de exemplo existe formas muito claras diante das inquietações humanas, formas de como percebemos o meio em que estamos inseridos e nossas ações individuas e coletivas e como elas podem reverberar nas diversas camadas. Notamos que conseguimos verbalizar todo um quadro de miséria e conseguimos até mesmo achar algumas saídas, criticamos todos os teóricos que enchem as prateleiras das livrarias com suas análises sobre o ser humano e suas relações, sobre isso... e sobre aquilo... e como poderia ser feito. Mas o que habita tudo isso? Porque nos destinamos as nos reservar em analisar o homem, a sociedade, as relações humanas e outras tantas coisas? O que habita dentro em mim que me move? O que habita dentro dessas formas tão estranhas?

O descobrimento de uma fraude


Ao chegarmos ao ponto que separa a forma e conteúdo (o que habita) nos deparamos com uma série de interrogações, com questionamentos sobre o que consiste o conteúdo de nossas formas. Buscamos a subjetividade e a poesia para justificar todo o conceito agurmentado a respeito do que habita nossas formas. Existe uma música que diz: “Filosofia é poesia o que dizia a minha avó/ Antes mal acompanhada do que só” (Erasmo Carlos e Roberto Carlos). Releio então a frase e observo que deixemos de lado toda a poesia de Carlos D. de Andrade, Manoel de Barros, as filosofias de Sartre e Nietzsche e tantos outros que habitaram suas formas. E disparo contra a mim mesmo as perguntas e um aprofundamento nas descobertas.

O descobrimento de uma fraude em si mesmo é torturante, não que você tenha sido todos esses anos uma mentira, algo enganoso para os outros, o ponto se encontra na revelação e aprofundamento. Como aprofundar uma fraude? A palavra fraude pode nesse momento da escrita parecer pesada e talvez nem mesmo a mais apropriada para dar forma ao que habita dentro de mim.

Fato é que a descoberta de entender que todos esses anos todas as inquietações enquanto homem não tenha passado do inconsciente coletivo, apropriação de uma idéia de inquietações que não são realmente minhas, que não são suas. O que me perturba enquanto homem é saber que não tenho uma perturbação própria. Mas existe essa perturbação? Existe um homem que não se deixo levar pelo inconsciente coletivo?

Senhores tenho uma revelação, ainda mesmo com toda essa escrita, essa verborragia, essa busca de tentar achar um aprofundamento no que habita as minhas formas eu não sei como seguir. Como seguir? Para onde ir? Meu texto ainda não está claro, minhas idéias ainda não estão organizadas... hoje paro por aqui esse texto. Vou ler Calvino, Manoel de Barros, ouvir Elis Regina...

Outra janela...

Na janela Ítalo Calvino


Hoje eu vi da janela um olhar
Uma expressão serena e suave
Olhava e não me reprimia, não contestava,
apenas observava toda aquela desorganização.

Homens tão fortes e tão mais fortes que eu
Tão brutos abruptos e desconexos da minha visão
Que já não procuro mais comparações, ou níveis de igualdade
Reconheço-me fraco entre eles, solto das suas convenções.

Mas me salva aquele olhar da janela
Resgata-me de mim mesmo o que eu não consigo desprender
Pra onde esse olhar quer me levar?

Sobrevôo um jardim de magnólias
o olhar me acompanha e não me confessa nada, mas é tudo tão claro, tão leve...
que não posso negar, agora observo tudo de cima de uma árvore.

Habitar a Forma

                                          

        Depois de alguns anos na tentativa de fazer isso que acreditamos ser teatro, hoje consigo observar com um pouco mais de sensibilidade, um pouco menos de pretensão. Terminei de ler sobre a Leveza, uma das seis propostas que Ítalo Calvino deixou para este milênio. O que consiste ser leve? Quais as junções de letras, palavras, frases, coesões e coerências, que conseguem ser leves? Onde se encontra o significado da leveza? Como extrair o peso de uma forma a ponto de se reconhecer a leveza na sua linha mais simples?
      
        A forma que se desenvolve pode ser a mais complexa e de incompreensível execução num primeiro momento, ou a mais singela e de fácil assimilação. Visto que a forma cria-se num campo simples, experimentam-se alguns exercícios, vivenciam-se alguns movimentos, cria-se uma consciência da sua estrutura óssea e muscular, entendimento de uma imagem corpórea. Uma seqüência de movimentos e pensamentos concretiza-se uma forma. Cria-se então o como habitar essa forma.

       Prematuramente munido sobre as concepções do que Calvino nos deixou a cerca do que é leveza, a cerca do que é fantástico e como esse fantástico é concebido na sua obra, das discussões do grupo o porquê escolhemos Calvino para desenvolvermos nossas aspirações artísticas e como tomar para a nossa contemporaneidade esse universo, das reflexões paralelas voltando para casa.                                                                                                                
                                                                                                                                                  
       Vejo então que habitar essa forma seja simplesmente alterar minhas percepções diante da minha cidade interior e exportar outra visão de tudo isso que damos o nome de modernidade, avanço tecnológico e perda da sensibilidade humana. Afastar meu corpo ainda pesado, distanciar minha visão, compreensão do fantástico diante de tudo aquilo que vejo, ouço, experimento e pratico.

       Divagações de um ser humano que busca não alcançar a insustentável existência. As formas podem ser tangíveis, poéticas, sensitivas, alteradas, reorganizadas,... . Habitá-las seja simplesmente alterar todo o processo cognitivo que vem sendo imposto há milênios. Fantástico é poder saber que posso ser uma ovelha negra.

Impulso

Ovelha Negra

"Tudo aquilo que você queria fazer e nunca te deixaram..."

Começam os ensaios, orientações, contextualização, discussões e vamos à prática, aquecer corpo, mente e voz. Méééé...., Méméméééé...., pára tudo! O que é mesmo que eu tenho que fazer agora? Tudo bem vamos lá. Mas pode fazer isso? Tem certeza? Cenicamente vai funcionar? Eu sempre ouvi dizer que..., e olha que eu faço mesmo e depois não há santo que me tire da cabeça essa ideia.
Seguimos em frente, experimentações, novas discussões, palpites, nossa como tudo isso se encaixa. Sou eu ou somos nós que somos contrários do mundo?
Nossa como a Dani é forte! Quase joguei a toalha. Mais ensaios, mais risasdas, gargalhadas descontroladas, observações a cena, foco na encenação. Precisa despojar mais, é tudo aquilo que você sempre quiz fazer e nunca te deixaram. (eu vou poder cantar? Não se de feliz por ter um solo de dança. Solo? Dança? Dani....) Ainda com a cabeça um pouco em maresia, quase recuperado de tudo aquilo que é capaz de confundir o espirito humano... MÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ..............

Fechado, até o próximo sábado então.

Mas um presente...

Nas camadas mais instrínsecas e brilhantes dos teus olhos eu vou mais fundo.
Eu preciso me encontrar dentro de ti, façamos uma troca, vou deixar a porta aberta pra você entrar. Mas não se perca nem se iluda pelas cores, vá pelos sons, pelas texturas, pelos odores, acredito que ao chegar no oco haverá uma luz branca que irá te acalentar, confie nela, ela é o meu âmago. Um beijo

(outro mimo da menina com olhos de ressaca)

Menino dos olhos de mel

Menino dos olhos de mel
Me suga para o fundo da alma, adocica os meus dias
Me faz salivar uma sensação gostosa,ao pensar que ainda posso ter a sua presença comigo
Não saias nunca dos meus pensamentos e das minhas lembranças,
teus olhos, como janelas, me fazem ver além do necessário
Quero manter esses meus sorrisos e trocá-los com você.

(ganhei da menina de olhos de ressaca)