quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Carta desabafo


            Meu terno amigo o que venho lhe contar não é a alegria do olhar de uma criança que acaba de ganhar o presente tão esperado. Meu amigo na madrugada de domingo para segunda-feira invadiram a minha casa. Pois é, morando desde a minha infância no mesmo lugar, um lugar calmo, tranqüilo, sem grandes acontecimentos, um lugar onde as pessoas se conhecem desde os tempos em que a rua era de barro e as crianças brincavam despreocupadas.
Meu terno amigo conto com detalhes o ocorrido e o que esse acontecimento causou em mim. Dormíamos tranqüilo, meu irmão, meus pais, descansando para enfrentarmos mais um dia de trabalho que estava por vir. Às 5 horas e 15 minutos acordo com uma pessoa gritando, tomado pelo susto não compreendi o que estava acontecendo, quando o segundo grito veio. “Pega ladrão”. Era a voz do meu irmão, o som invadia o meu quarto, meu corpo pulou da cama e em segundos pensei que uma tragédia tinha acontecido com meu irmão. Sai para o quintal e o encontrei bem, graças a Deus. Mas veio a noticia: “Levaram o seu notbook”. O individuo abriu a janela do quarto do meu irmão soltou o fio da internet, meu irmão acordou com o barulho, mas não consegui ver o individuo que subiu as escadas correndo e fugiu pulando pela laje da vizinha.
Invadiram a minha casa, levaram meu computador e pode acreditar é o de menos, o que me deixa transtornado é que invadiram a minha privacidade, minha alma, o lugar que eu tenho como porto seguro. Que porto é esse? Levaram minhas fotos, meus trabalhos, minhas músicas, minhas lembranças, minhas poesias. Bagunçaram minha ordem natural. Agora tento desordenadamente colocar as coisas no lugar, tentando não ficar com medo. Onde está aquilo que chamamos de segurança pública, que tem por uma das suas funções a de preservar o patrimônio privado, a vida.
Meu terno amigo aqui na Terra ainda estão jogando futebol, tem pouco samba, tem muito choro, muita água, pouco rock roll, no mesmo dia chove e faz sol. O que eu tenho pra dizer é que a coisa aqui está mais do que preta. Um beijo na alma, nos olhos e no coração.

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